Sempre que se fala em mudança a grande maioria das pessoas esquece do fundamental: a mudança é maioritariamente um processo interno e totalmente individual pois cada um reage às alterações em função das suas próprias vivências. Um exemplo que poder ser observado no nosso quotidiano é a alteração e consequente reação que uma criança tem na primeira vez que muda de escola/ turma e na qual “perde” os seus amigos: primeiramente fica em choque, contudo o processo de adaptação tem o seu inicio, naturalmente, e, passado algum tempo, tudo volta à normalidade. Apesar de este processo ser penoso, se observarmos o comportamento da mesma criança após a ocorrência de novas situações, é cada vez menor o tempo de regresso à normalidade, até que, teoricamente, a criança se adapta a uma realidade diferente: a de permanecer em constante mudança, pelo que a sua resistência à mudança é bastante reduzida, dando espaço a soft-skills de integração e adaptação naturais.
Após este breve inicio, e fazendo o paralelismo com a curva da mudança, a mesma nada mais é do que uma curva de emoções que ocorrem durante um processo de mudança, ou seja, é importante tomar conhecimento sobre esta temática por forma a conhecer o sentimento do outro e, consequentemente, potenciar a diminuição da resistência das pessoas no decurso de processos que envolvam mudanças nas organizações.
Gestão de mudança é uma gestão de relacionamentos e de emoções, pelo que, uma gestão mais eficiente é realizada através de interações pessoa-pessoa, sem perder a consciência da fase da mudança onde cada individuo se encontra.
A curva explica que à medida que as coisas vão acontecendo as pessoas vão tendo diversas reações comportamentais, que nada mais são do que o resultado de reações cerebrais, emocionais e biológicas face às mudanças que estão a ocorrer relativamente às vivências que as essas mesmas pessoas tiveram. Na maioria dos casos este comportamento é denominado de resistência à mudança, contudo, nada tem a ver com resistência, tratando-se sim de uma reação natural devido à previsão de um caminho desconhecido.
Contextualizando um pouco a origem da curva:
A curva da mudança nasceu na psicologia, em 1969, quando Kubler-Ross estudou um grupo de pessoas que estavam com doença terminal, observando que existia um padrão de comportamento nessas pessoas a partir do momento em que sabiam que iam morrer até ao dia da sua morte (padrão de luto). A partir dessa observação, Kluber-Ross começou a realizar um estudo e a perceber que as pessoas têm um padrão de comportamento frente ao luto, frente à ideia de morte à esse padrão deu origem à curva da mudança.
Mais tarde, outros pesquisadores da organização e da neurociência começaram a testar esse mesmo padrão da curva em processos de aprendizagem, visto que, para que cérebro aprenda necessita primeiramente de passar por um processo de perda (luto): todos os processos de aprendizagem envolvem o luto pois reaprender algo envolve deixar alguma coisa no passado e ter de começar uma coisa nova.
Na prática, estes processos assemelham-se à vivência de pequenos lutos internos, que, a um nível cerebral e biológico desencadeiam um conjunto de emoções durante a existência da mudança.
Resumidamente, podemos fazer uso da curva da mudança como que se de uma escala de monitorização do processo se tratasse, adaptando o nosso comportamento em função do status comportamental observado nas pessoas.
Conhecimento gera Conhecimento!
Share2See
André Teiga
27/09/2020